Sex, 19 de abril de 2024, 09:14

Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFS realiza evento "(Trans)Tornando o 8M"
A Atividade debateu os desafios e conquistas de mulheres trans e travestis, ampliando pautas de igualdade de gênero e inclusão social.

Nesta quinta-feira, 18, o Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGA/UFS), por meio do grupo de Pesquisa em Gênero e Sexualidade “Xique Xique”, realizou o evento "(Trans)Tornando o 8M". Com o tema "Lutas, desafios e possibilidades à práxis transfeminista", a ação aconteceu no auditório da Reitoria, no Campus de São Cristóvão.

O evento é uma alusão ao Dia Internacional da Mulher, abordando reflexões acerca do lugar que travestis e mulheres transexuais têm ocupado em diferentes espaços.


A atividade aconteceu no auditório da Reitoria. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
A atividade aconteceu no auditório da Reitoria. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)

“Esse evento tem o objetivo de dar visibilidade a determinados grupos sociais e trazer a universidade para debater essa questão e amadurecer tanto do ponto de vista acadêmico, quanto político. Buscamos promover uma discussão muito rica e potente, não apenas para nós, mas para toda a sociedade e, por isso, ouvimos várias mulheres da política, do movimento social e vinculadas à educação, que discutiram temas relacionados às travestilidades e às pessoas trans”, relata a coordenadora do grupo Xique Xique e coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Patrícia Rosalba.


Organizadora do evento, Patrícia Rosalba é coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Antropologia. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Organizadora do evento, Patrícia Rosalba é coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Antropologia. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)

A mesa de abertura contou com palestras que destacaram a importância de reconhecer os desafios enfrentados por travestis e mulheres transexuais no estado.

Egressa da UFS, a deputada estadual Linda Brasil foi umas das palestrantes do evento. “Fui a primeira mulher trans a ser deputada do estado e a primeira a lutar para garantir o direito ao uso do nome social na Universidade Federal de Sergipe. É muito importante vir aqui falar da ocupação de pessoas trans e travestis em espaços de poder e decisão, como na política. Não só para que a gente possa falar sobre o assunto, mas também para inspirar, motivar as pessoas e desconstruir o machismo, a LGBTfobia e o racismo, que são estruturais em nossa sociedade e, infelizmente, reproduzidos por algumas instituições".


Linda Brasil discutiu a importância da ocupação de mulheres trans e travestis na política. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Linda Brasil discutiu a importância da ocupação de mulheres trans e travestis na política. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)

A doutoranda em Educação pela UFS e professora da rede pública, Daiana Louise, trouxe para o debate propostas de outras estruturas de universidade. “Nós, mulheres trans, estamos buscando um novo projeto de universidade que seja mais inclusivo, plural e democrático. A nossa presença na universidade tem feito esse espaço institucional transicionar junto conosco e transicionar de uma forma propositiva, positiva e aliada àquilo que a gente defende para esse país, que é um país mais democrático e mais diverso”.


Daiane Louise é doutoranda em Educação pela UFS.  (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Daiane Louise é doutoranda em Educação pela UFS. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)

O evento também contou com a palestra da presidente da Associação de Travestis e Transgêneros de Aracaju (Astra) - Direitos Humanos e Cidadania, Tathiane Araújo, a professora, assistente social, radialista, mestre em educação e ativista LGBTQIA+, Adriana Lohanna, e a professora do Instituto Federal de Sergipe, Manuela Rodrigues.

“Eu acho importante trazer para a universidade a discussão sobre a relação entre direitos humanos e a educação, especialmente de mulheres trans e travestis. Este tema impacta o nosso acesso, pois, infelizmente, vivemos em uma sociedade que expulsa essas mulheres da escola muito cedo e isso impacta também no trabalho, em condições de vida, e na vulnerabilidade social que nos acompanha. Mesmo com algumas conquistas, ainda há muitos desafios a se pensar”, ressalta a professora Manuela Rodrigues.


 Manuela Rodrigues foi uma das  palestrante durante o evento. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Manuela Rodrigues foi uma das palestrante durante o evento. (foto: Yan Lima/Ascom UFS)

O encontro atraiu a participação comunidade acadêmica e de pessoas externas à universidade. Formada em Serviço social pela UFS, a presidente da Associação das Travestis de Sergipe, Ariel Matos, acompanhou os debates.

"Participei do evento porque é de suma importância, já que nos provoca a falar sobre o 08 de março não apenas como a luta das mulheres cisgêneras, mas também como a luta de todas as mulheres, incluindo trans e travestis, negras, com deficiência e outras diversidades. Foi uma atividade fundamental para que possamos nos reunir, discutir as pautas, internacionalizá-las, e pensar em outras políticas públicas sociais. Além disso, pensar em como são nossas estratégias de militância para conseguir mais espaços nos locais de poder, que ainda são predominantemente ocupado por homens, na maioria brancos, cisgêneros e heterossexuais", comenta Ariel.


Ariel Matos é presidente da Associação das Travestis de Sergipe. E veio como ouvinte  participar do evento (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Ariel Matos é presidente da Associação das Travestis de Sergipe. E veio como ouvinte participar do evento (foto: Yan Lima/Ascom UFS)

A programação contou também com o lançamento do livro “Saúde e (in)visibilidades de mulheres transexuais e travestis: insurgentes no/para o serviço social”, escrito pelo assistente social e mestre em Antropologia pela UFS, Samuel Francisco Rabelo.


Samuel Rabelo é autor do livro “Saúde e (in)visibilidades de mulheres transexuais e travestis: insurgentes no/para o serviço social” (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Samuel Rabelo é autor do livro “Saúde e (in)visibilidades de mulheres transexuais e travestis: insurgentes no/para o serviço social” (foto: Yan Lima/Ascom UFS)
(foto: Yan Lima/Ascom UFS)
(foto: Yan Lima/Ascom UFS)

"O livro é o resultado do meu trabalho de conclusão de curso em 2012 e surge da minha preocupação com a invisibilidade enfrentada por mulheres transsexuais e travestis, uma questão que observei ao longo de meus 10 anos de atuação na área da saúde, sempre em contato direto com elas. Com elas, eu aprendi a importância de ouvir e entender as mulheres transsexuais e travestis como seres humanos, não apenas como objetos de pesquisa. Meu livro aborda questões como a Política Nacional de Humanização e o princípio da dignidade da pessoa humana, buscando abrir a política de saúde para todas e tornando a política de saúde mais inclusiva, considerando as interseções de classe, raça, gênero, etnia, sexualidade e outras", afirma Samuel Rabelo.

Milânia Ribeiro - bolsista

Letícia Nery - Ascom UFS


Atualizado em: Sex, 19 de abril de 2024, 11:51
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